Temos que chegar ao ponto de ...

Fundir ao texto, compreender com inteireza, nos apropriar da verdade das falas com a nossa convicção de sentidos que construímos na prática. Vcs já são Yoguins e já são Atores, agora é assumir e agir. Lembrem-se da Maiêutica de Sócrates, as idéias vão apenas se presentificar nos nossos corpos por isto precisamos prepará-los. Se alimentem direito, se exercitem direito, dentro e fora.
De tanto ler escrevi estes dias como Guimarães Rosa:

"Tudo que atravessa os nossos olhos se reveza, se agrega e se retina. E eu, desbustraz já tinha visto demais. Esbarrado, assisado, sisudo tinha me tornado. Me encantei de desencantado. Nada mais me movia o que , no antes, tudo me encaminhava. Agora restava parado, sem vontade desanimado, esperando alguma ordem divina que me levantasse, do tipo: Levanta e Anda. Porque eu já não me via sentido, não me restava animado. Sem tino e sem assunto entregue a mim mesmo apagado. E de eu me conduzir para este negro, escuro profundo só comigo mesmo apoiado indo pra este breu infinito não via mais saída, nem verso , nem reverso, nem movimento nem assombração, nem assombramento. Parecia enfim o fim. Minha espécie de consciência racional quase nem lamentava o fim tão jovem. Estava entregue antes do final da história, ou sem muitos abusos ainda no começo. Não tinha mais por onde. Saí no meu encalço vasculhando o vazio e o silêncio e via o som de meu tropeço.
Do mais no mais só isto não conhecia o fundo de meu eu sem mais nada.
Meus exercícios espirituais sequencias de rezas, ócios e movimentos nada me serviam ou me diziam. Devia me entregar . Minha vontade não me pertencia. Assim, desta forma. em fonte muda e calada me estabelecia aguardando o derradeiro passo do fim. Neste fim não me punha descanso, angustiava, desgostava, desanimava do desorientado horizonte que não me entusiasmava. Cansado de mim mesmo não tinha mais força de ser. Daí esperei.
Qualquer idéia de súbito me aparecia e desaparecia sem lógica, nexo ou desejo. O des-amor, a des-paixão me punham quieto e parado. Ficava em mim abobado."

Escuta, Olhar, Treinamento, Atenção, Concentração e Imersão

Mergulhe-mos nos nossos sertões e somemos ao que já conhecemos. O que já conhecemos tragamos para o nosso sertão. Ainda que não tenhamos segurança, a segurança virá da prática e do ensaio. As partituras corporais devem ser memorizadas, nada é desligado. A voz, as músicas devem estar presentes em cada improvisação. Antonim Artaud fala do Duplo, A nossa consciência de ator deve ser inteira capaz de se desdobrar e captar tudo como as janelas do Windows abertas simultaneamente, somos atores, somos público, somos diretores ao mesmo tempo. Para esta consciência inteira é preciso exercício. Yoshi Oida escreveu no Ator Errante sobre a consciência ficar no alto e atrás de nossas cabeças. Desdobremo-nos.
Mantenhamos a memória do que fizemos. Escrevam um diário. escrevam no Blog, se virem. registrem o que estão fazendo para não ficar perdido. Anotem idéias. Precisaremos delas. Vou fragmentar o blog de hoje porque está caindo a conexão com o Blogspot...continua no outro

Treinamento, Preparação e Compromisso

Estamos imergindo no imaginário dos Sertões. Treinamos e estudamos.
Hoje foi a música:
Ai ói a Rola
ói a Rola
morena
A Rola que vem cantando
Serena

Eu nasci de madrugada
no sertão do viradouro
na hora que eu nasci
O Galo do Céu canto

Sete Sete são quatorze
Com mais sete é vinte um
Vem falá para Mariquinha
que eu não tenho amor nenhum

As cenas hoje foram diversas. Os nomes do Tinhoso... A cena de Reinaldo e Riobaldo na beira do Rio, reminiscências de Riobaldo e seus amores, também tivemos a experiência de ver a cena do Tiro e Diadorim se afastando dos homens.

Fizemos a Yoga, Fizemos o treinamento, bem melhor do que em outros dias. Mas ainda temos muito o que melhorar.Bom trabalho para nós.
Não devemos atrasar nem faltar quando desnecessário. se possível avisar, é complicado não saber quem virá e quando virá. Aos poucos começaremos a ensaiar as cenas.
Já temos um grupo razoável de segunda feira> Maíra, Jurema, Cláudio, Wagner, Renata, Adler, Davi, faltam dois que deu branco ... Vamos começar a ler o livro para aprofundar mesmo.
Começar a organizar algumas cenas que devem ser feitas.
As cenas de hoje devem ser aprofundadas e alargadas. Trabalho. È isso, conhecer os personagens. É isso;

O Amor de Riobaldo por Reinaldo-Diadorim

Salve Caríssimos,
O amor é um dos temas de nossa vereda. Diadorim ensina Riobaldo a contemplar a natureza. A partir da pagina 135 do livro Grande Sertão vemos o reencontro destes personagens que já tinham se visto nas proximidades do Rio São Francisco quando Riobaldo pagava a promessa que sua mãe havia feito. Agora ele já é jagunço e acaba de reencontrar Reinaldo ( nome fictício de Diadorim) os dois viram amigos. E ao olhar os pássaros Diadorim mostra a sua delicadeza e encanta cada vez mais Riobaldo. Diadorim ainda mostrará a sua força várias vezes e provará a sua masculinidade. É uma guerreira.
Os nossos treinamentos corporais e mentais devem ser intensos e corresponder a profundidade destes guerreiros do sertão. A vida os fez muito diferentes do que nós com toda esta urbanidade concebemos. Portanto precisamos estudar. Mergulhar profundo neste universo depende também de um mergulho nas nossas origens e ancestralidades. PRecisamos mostrar a poesia de nossos Seres: Ser- tão. Estudem com carinho: Pratiquem Yoga, tentem não faltar nos ensaios e se inteirar deste espaço nosso no BLog. Precisamos sistematizar este espaço e esta caminhada por uma jornada bem intensa que devemos fazer. Um grande abraço.

Veredas do Nosso Sertão

Hoje o Treinamento foi razoável, intenso. Sei que vocês não acreditam mas ainda estou fazendo uma versão light dele. Estou dosando para não cansá-los demais. Talvez devesse passar um pouco do ponto para vocês perceberem que estamos longe de alcançar nosso limite físico. Podemos muito mais.

A partir de agora teremos que fazer disciplinas de nosso corpo e voz. Teremos que selecionar um personagem tipo para compormos e contarmos nossas histórias.

Sabemos que todas as outras histórias contadas farão parte do nosso Grande Sertão mas é imprescindível que começe-mos a ler esta obra. Ela nos guiará por veredas. Outras deverão ser desenvolvidas: Nossa relação com nossos antepassados sertanejos, qual é o nosso sertão? Quais são as nossas imagens pessoais para aprofundarmos o nosso trabalho. Quais são as músicas que os nossos antepassados cantavam e que remetiam a este nosso sertão: A Rita Bonita do Wagner, Por isto mesmo que o Sabiá Cantou bateu asas voou foi comer melão - que meu pai me cantava em Minas.

Muitos versos deverão vir. Temos que nos aproximar dos Jagunços e perceber que eles ainda lutam por terras no Norte do Brasil. Eles ainda servem a Fazendeiros e são cruéis mas ainda assim são humanos e têm alma. Temos que questionar as questões atuais de maneira profunda. Mas também devemos ser profundos na pesquisa de personagens e do universo a ser trabalhado para que não façamos uma visão mesquinha e empobrecida. Sugiro que também escolham uma ave para imitar o assovio e um animal para estudar que habitem o sertão...enquanto lêem vocês lerão muitas descrições.

Teremos com certeza fogueiras para contar estas histórias: Mais de uma fogueira. Mais de uma história. Conto com a seriedade e com o envolvimento de vocês. Serei O líder desta jagunçada nesta baquéia intensa. Estou trabalhando o quanto posso. LEiam reflitam compartilhem e registrem. Bom Trabalho para todos nós. NONADA

Bem e o mal disputando as almas...Sertão e Seca

"Aquilo que acontece no sertão
não nos pertence.
Nem tudo aquilo que morre
vira anjo ou serpente" (Wagner e Davi - improvisação sobre imagens dia 12 de Maio na OFICINA de Estudos Teatrais do CCPC)

Nesta semana veremos algumas imagens feitas por um artista plástico brasileiro chamado Samico, são gravuras - Xilogravuras e também um estudo "Heroes and Artists Popular Art and the Brazilian Imagination organizado por Tania Costa Tribe.
Continuamos as leituras e também começamos a perceber que a música nos ajuda muito e fará parte do espetáculo com certeza. Portanto a coleção de versos cantáveis deve ser uma meta e uma busca incansável; Desde Marisa Monte cantando Estrada Seca...Enxurrada Seca...Até Cordel do Fogo encantado:
"O sabiá no Sertão
Quando Canta me comove
Passa três meses Cantando
Sem Cantar passa nove
Pois só tem a obrigação
de Cantar quando chove".
Uma das coisas que está ganhando força e forma é a idéia da disputa entre o bem e o mal: Presente no Grande Sertão Veredas, na alma do Frei Timóteo da Mandrágora de Maquiavel, no São Marcos do Sagarana de Guimarães Rosa, no Alto da Barca do Inferno, também no Evangelho de Jesus Cristo de Saramago na quaresma de Jesus....
Sigamos então o processo de pesquisa e construção inspirado por estes autores e temas e tragamos mais coisas para a nossa sacola. Já começaremos improvisações intensas nesta semana. A partir deste mosaico tentaremos contruir uma dramaturgia que costura tudo o que estamos fazendo...O caminho está começando a se abrir e é uma encruzilhada...O Caminho é uma encruzilhada para escolher o caminho:
"Tem o Claro
Tem o Escuro
È tu quem escolhe a Banda"

Sobre o que é, está sendo e o que será

"Ió Pulsante Coração

Seiva da Uva correndo em mim

Libemos à vida"

(Hino de Louvor a Baco)

Estamos trilhando um pequeno caminho ainda. Nos encontramos sob algumas égides: Guimarães Rosa, Eurípedes, Pavão Misterioso...agora estamos buscando as nossas verdades. O espaço do CCPC é bonito e polivalente, precisaremos ocupá-lo com carinho. A história que contaremos transitará por estes universos múltiplos.

Vislumbro que a cultura brasileira será um modo de ação bastante interessante, ela é diversa e permite o urbano conviver com o rural, da música rural a música das cidades. Teremos que falar deste encontro. Teremos que percebê-lo. Não poderemos esquecer de celebrar Dioniso ele é o patrono desta arte. Ainda sequer temos nome. Ainda sequer temos um projeto definido. Temos um caminho para ver onde as vontades se encontram. Estou vasculhando universos. É preciso estudar, ler, escolher estórias, contar histórias...O labirinto do CCPC traz muitas possibilidades.

Aos poucos quero ouvir os relatos e as memórias.

Gostaria que cada ator do projeto começasse a interagir com este espaço nosso contando histórias pessoais ou histórias que gosta que tenham a ver com estas nossas possibilidades. Aos poucos vamos trilhar os caminhos e vamos fazer um mapa para o público nos seguir em nossas viagens.